sábado, 7 de julho de 2012

Coluna Política Direto de Caruaru (hoje direto de Campina Grande)


O adeus ao Poeta


Quem era Ronaldo?
Ronaldo José da Cunha Lima nasceu em Guarabira em 31 de março de 1937, mas ainda criança mudou-se com toda a família para Campina Grande. Teve de trabalhar desde cedo para ajudar na renda familiar, já que sua mãe, Dona Nenzinha, ficou viúva logo cedo. Ronaldo foi jornaleiro, vendedor e trabalho como ferroviário, garçom (aliás, o sue anel de advogado foi um presente dos garçons de Campina) e advogado formado pela Faculdade de Direito do Recife.
O Poeta.
Ronaldo Cunha Lima não se fez popular por ser político, mas se fez político por se fazer popular, graças a sua eloquência nata que lhe permitia brincar com as letras, desde os tempos do Velho Estadual da Prata, o “Gigantão.”.
O Líder estudantil.
Nos anos 50, Ronaldo se tornou presidente do Centro Estudantal Campinense, a velha “escola de líderes”, de onde saíram vultos como Raymundo Asfora, Vital do Rêgo, Josué silvestre, Félix Araújo e o próprio Ronaldo Cunha Lima.
O Vereador.
Por sua militância na escola de líderes, Ronaldo se tornou um nome reconhecido em toda Campina Grande e políticos veteranos começaram a cortejá-lo para que concorresse a uma cadeira na Câmara Municipal, intento este alcançado já na primeira tentativa.
O Prefeito I.
Em 1968 foi eleito Prefeito de Campina Grande, tomando posse em 31 de janeiro de 1969, já em 14 de março do mesmo ano teve o mandato cassado por força da ditadura militar e foi obrigado a se exilar em São Paulo e em seguida no Rio de Janeiro, onde voltou a atuar como advogado.
O Prefeito II.
Em 1982, depois de ter sido anistiado pelo regime militar que estava em franco declínio no país, Ronaldo regressa à Campina Grande e concorre ao governo municipal contra Antônio Vital do Rêgo, aliado e candidato a sucessão do então prefeito Enivaldo Ribeiro, apesar dos minguados recursos para a campanha Ronaldo foi eleito para o quinquênio 1983/1988, tendo empregado uma gestão focada na expansão urbanística da cidade e em sua modernização, além de ter criado o Maior São João do Mundo e construído o Parque do Povo.
O Governador.
Numa das mais empolgantes campanhas eleitorais da Paraíba em todos os tempos, Ronaldo foi lançado candidato a governador pelo PMDB, numa disputa acirrada contra Wilson Braga, RCL tinha apenas 6% das intenções de voto e mesmo assim conseguiu sagrar-se vencedor do pleito, disputado em dois turnos. Ronaldo tomou posse em 1991 e geriu o estado até 1994, quando renunciou ao mandato para concorrer a uma vaga no senado federal.
O Caso Burity.
Em novembro de 1993 Cunha Lima desferiu três tiros contra seu antecessor e principal adversário político Tarcísio de Miranda Burity enquanto este almoçava com amigos no restaurante Gulliver, em João Pessoa. Na ocasião Ronaldo deixou a capital e dirigiu-se à campina onde foi preso e encaminhado até a sede da delegacia regional da Polícia Federal. Lá ocorreu o fato mais inusitado de todo o imbróglio, por volta das dez da noite populares invadiram as instalações da Polícia Federal e retiram o Governador nos braços.
A morte.
Ronaldo enfrentava um câncer no pulmão, diagnosticado desde junho de 2011, tendo iniciado o tratamento no Sírio Libanês, em São Paulo, e dado continuidade na Paraíba. Desde o inicio deste ano o poeta vinha apresentado quadros de piora em seu estado de saúde, tendo sido internado por diversas vezes, há algumas semanas o quadro se agravou e uma UTI móvel foi instalada em seu apartamento na capital paraibana, onde hoje, por volta das 09h40min, o poeta faleceu de parada respiratória.
O amor repetidamente declarado por Ronaldo à Rainha da Borborema foi uma marca em sua trajetória política, levando-o a estabelecer uma ligação profícua com o povo campinense. Ronaldo Cunha Lima ficará marcado na história por ter se tornado o político, mas atuante na vida cotidiana de sua terra.
A tua morte não ceifa de nós a certeza de tua presença, pois tua poesia, teus atos, teu legado estão estampados em cada rua, cada esquina, cada lugar de nossa terra, tão amada e declamada por ti e que hoje se dispersa com um adeus com gosto de até breve.

Adeus Poeta!
Por Ednaldo Jr.
Professor de Geografia, Sociologia e Atualidades em Pernambuco e na Paraíba e colunista do Mala Política.

2 comentários:

  1. A gratidão deste colunista ao blog Mala Política e a todo o povo santacruzense por abrir espaço para que nossa coluna prestasse essa homenagem para um homem que, como os grandes vultos que emprestaram seu penhor para o desenvolvimento de Santa Cruz, a exemplo de Padre Zuzinha, José Francelino Aragão dentre outros tantos, também implicou num dos maiores líderes da história de Campina Grande.

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  2. Marivaldo Antonio - Campina Grande8 de julho de 2012 às 01:58

    Teve seus defeitos, mas também suas qualidades como político, como pessoa prefiro não comentar , , , , , , ,

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