O adeus ao Poeta
Quem
era Ronaldo?
Ronaldo
José da Cunha Lima nasceu em Guarabira em 31 de março de 1937, mas ainda
criança mudou-se com toda a família para Campina Grande. Teve de trabalhar
desde cedo para ajudar na renda familiar, já que sua mãe, Dona Nenzinha, ficou
viúva logo cedo. Ronaldo foi jornaleiro, vendedor e trabalho como ferroviário,
garçom (aliás, o sue anel de advogado foi um presente dos garçons de Campina) e
advogado formado pela Faculdade de Direito do Recife.
O
Poeta.
Ronaldo
Cunha Lima não se fez popular por ser político, mas se fez político por se
fazer popular, graças a sua eloquência nata que lhe permitia brincar com as
letras, desde os tempos do Velho Estadual da Prata, o “Gigantão.”.
O
Líder estudantil.
Nos
anos 50, Ronaldo se tornou presidente do Centro Estudantal Campinense, a velha
“escola de líderes”, de onde saíram vultos como Raymundo Asfora, Vital do Rêgo,
Josué silvestre, Félix Araújo e o próprio Ronaldo Cunha Lima.
O
Vereador.
Por
sua militância na escola de líderes, Ronaldo se tornou um nome reconhecido em
toda Campina Grande e políticos veteranos começaram a cortejá-lo para que
concorresse a uma cadeira na Câmara Municipal, intento este alcançado já na
primeira tentativa.
O
Prefeito I.
Em
1968 foi eleito Prefeito de Campina Grande, tomando posse em 31 de janeiro de
1969, já em 14 de março do mesmo ano teve o mandato cassado por força da
ditadura militar e foi obrigado a se exilar em São Paulo e em seguida no Rio de
Janeiro, onde voltou a atuar como advogado.
O
Prefeito II.
Em
1982, depois de ter sido anistiado pelo regime militar que estava em franco
declínio no país, Ronaldo regressa à Campina Grande e concorre ao governo
municipal contra Antônio Vital do Rêgo, aliado e candidato a sucessão do então
prefeito Enivaldo Ribeiro, apesar dos minguados recursos para a campanha
Ronaldo foi eleito para o quinquênio 1983/1988, tendo empregado uma gestão
focada na expansão urbanística da cidade e em sua modernização, além de ter
criado o Maior São João do Mundo e construído o Parque do Povo.
O
Governador.
Numa
das mais empolgantes campanhas eleitorais da Paraíba em todos os tempos,
Ronaldo foi lançado candidato a governador pelo PMDB, numa disputa acirrada
contra Wilson Braga, RCL tinha apenas 6% das intenções de voto e mesmo assim
conseguiu sagrar-se vencedor do pleito, disputado em dois turnos. Ronaldo tomou
posse em 1991 e geriu o estado até 1994, quando renunciou ao mandato para
concorrer a uma vaga no senado federal.
O
Caso Burity.
Em
novembro de 1993 Cunha Lima desferiu três tiros contra seu antecessor e
principal adversário político Tarcísio de Miranda Burity enquanto este almoçava
com amigos no restaurante Gulliver, em João Pessoa. Na ocasião Ronaldo deixou a
capital e dirigiu-se à campina onde foi preso e encaminhado até a sede da
delegacia regional da Polícia Federal. Lá ocorreu o fato mais inusitado de todo
o imbróglio, por volta das dez da noite populares invadiram as instalações da Polícia
Federal e retiram o Governador nos braços.
A morte.
Ronaldo
enfrentava um câncer no pulmão, diagnosticado desde junho de 2011, tendo
iniciado o tratamento no Sírio Libanês, em São Paulo, e dado continuidade na
Paraíba. Desde o inicio deste ano o poeta vinha apresentado quadros de piora em
seu estado de saúde, tendo sido internado por diversas vezes, há algumas
semanas o quadro se agravou e uma UTI móvel foi instalada em seu apartamento na
capital paraibana, onde hoje, por volta das 09h40min, o poeta faleceu de parada
respiratória.
O
amor repetidamente declarado por Ronaldo à Rainha da Borborema foi uma marca em
sua trajetória política, levando-o a estabelecer uma ligação profícua com o
povo campinense. Ronaldo Cunha Lima ficará marcado na história por ter se
tornado o político, mas atuante na vida cotidiana de sua terra.
A
tua morte não ceifa de nós a certeza de tua presença, pois tua poesia, teus
atos, teu legado estão estampados em cada rua, cada esquina, cada lugar de
nossa terra, tão amada e declamada por ti e que hoje se dispersa com um adeus
com gosto de até breve.
Por Ednaldo Jr.
Professor de Geografia,
Sociologia e Atualidades em Pernambuco e na Paraíba e colunista do Mala
Política.
A gratidão deste colunista ao blog Mala Política e a todo o povo santacruzense por abrir espaço para que nossa coluna prestasse essa homenagem para um homem que, como os grandes vultos que emprestaram seu penhor para o desenvolvimento de Santa Cruz, a exemplo de Padre Zuzinha, José Francelino Aragão dentre outros tantos, também implicou num dos maiores líderes da história de Campina Grande.
ResponderExcluirTeve seus defeitos, mas também suas qualidades como político, como pessoa prefiro não comentar , , , , , , ,
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