O
Brasil sempre esteve marcado por levantes incisivos em favor da edificação dos
pilares de uma sociedade mais justa, equânime e dotada dos ideais de democracia
pelo qual tanto lutamos e de que tanto dependemos. O ato democrático sugere a participação
efetiva do indivíduo enquanto agente postulante ativo da sociedade de que é
parte elementar e ator mais importante.
Muitos
legaram sua existência à emergência de uma sociedade primada nos valores éticos
e morais que foram forjados como instrumentos decisivos para o fortalecimento
dos princípios coletivos, plurais e de interesse comum da população, e tiveram
ceifado o seu maior patrimônio, a vida. Somos órfãos de uma democracia piegas,
insipiente, desprovida de fundamentos consistentes que a ponham em riste e
assegurem aos seus filhos à primazia da soberana independência, plena das
amarras do poder político que oprime, lesa, avilta e inibe qualquer dileção aos
que se postam contrários aos que estão no controle da gestão e do poder, ente
transitório, assistêmico e frágil em sua exiguidade.
Vendem-nos
a democracia, sua luta e busca, como o primor maior de nossa classe política
que cinge-se de seus princípios como a marca soberana das carências de nosso
povo.
A
letargia de um Estado burocrático e retraído em seus próprios entraves e
contrassensos, essa é a marca indelével da incomum democracia brasileira,
singular em suas premissas; plural e unanime em sua devassidão amoral.
Como
nos folguedos interiorioranos, nossa estulta democracia esconjunta-se em
cordões azul e encarnado, onde os de cá escarnam os de lá, e vice e versa. Essa é
a cara do pensamento político brasileiro, essas são nossas ideologias, doentes
e cegas de valores concretos e que cedem espaço às defesas intransigentes de
nomes e não de projetos, grupos e não de um coletivo, de governos e não do
Estado.
Ainda
no interior do nordeste, permanecemos acometidos pelo vírus incurável da
alienação e do desdenho, para mergulhar de cabeça nas malas que servem única e tão somente para acirrar ainda mais os
ânimos, já exaltados, dos agentes envolvidos no processo. A festa da democracia
mais parece um carnaval fora de época, regado à embriaguez alcoólica e
ideológica de tantos que detestam política e amam a politicagem barata e torpe,
típica dos nossos políticos de tarimba.
Democracia
é edificar uma sociedade sobre pilares sólidos de probidade, é assegurar que
todos tenham direitos e deveres legítimos segundo as regras que regem o Estado
e o tornam austero e progressista, algo pouco contemplado por essas bandas do
velho nordeste. Os coronéis se multiplicam, seus jagunços se enfieiram em
trincheiras erguidas para combater tudo e todos que se postem contra os
intentos de seus comandantes.
Mister
se faz que conscientizemos a cada cidadão dos seus direitos e deveres, que
festejar a democracia não implica em venerar semideuses criados nas brumas das
sedes partidárias e dos estúdios e produtoras de marketing eleitoral, que
ganham estupendas cifras nesses períodos para construírem legados de
honestidade inverídica e histórias de abandono pessoal jamais observadas,
enfim, nossos políticos são uma farsa como uma farsa é a nossa democracia, rica
em futilidades e pobre, miserável em atitudes consistentes em favor da
sociedade como um todo.
Prof. Ednaldo Jr.
Ótimo texto parabéns ao autor.
ResponderExcluirMuito obrigado pela gentil deferência à nossa coluna, amigo Sérgio e participe sempre.
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