domingo, 26 de agosto de 2012

Novas e Velhas estratégias de controle político das cidades interioranas no Nordeste brasileiro.




POR EDUARDO MELLO

               O hábito do eleitor brasileiro, com números de casas ostentando cartazes e bandeiras dos seus candidatos em suas paredes. Isto é uma característica de muitas cidades interioranas no Nordeste brasileiro, aonde as preferências políticas muitas vezes vão sendo passadas de geração para geração. A maioria da população das cidades interioranas no Nordeste brasileiro se envolve de tal forma que quem determina o voto é o partido e torcem com se fosse um time de futebol durante a campanha política do seu partido. As pessoas que votam no Grupo “A” ou votam no Grupo “B” usam símbolos e cores  que servem para identificar a que partido aquelas pessoas pertencem. Os grupos políticos também têm os ritmos musicais que servem de hinos para as agremiações políticas antes de começar os comícios, nas passeatas, nas carreatas e na vitória da eleição.
                Nas cidades interioranas no Nordeste brasileiro nasceu expressão “mala política” espécie de uma Ágora grega dos tempos modernos é um  local ou espaço livre, onde as pessoas vão para conversar de forma franca e aberta, mas o principal tema da conversa é a política partidária. Portanto é um espaço de cidadania e de democracia, mas também é um espaço onde os grupos políticos locais garantem a manutenção e conservação do seu poder. As estratégias e os mecanismos de controle político utilizados pelos setores dominantes são das festas populares tradicionais ou inventadas, onde há a uma escassez quase total de opções de lazer para o povo nas cidades interioranas no Nordeste brasileiro. No período eleitoral, as festas populares tradicionais ou inventadas, se constituem numa oportunidade de diversão para a população, mas é uma prática que serve de trampolim político para os grupos locais liderados pelos caciques para conquistar o seu eleitorado. Outro aspecto interessante é o uso da força do sagrado e da tradição. Então o uso da fé popular e da tradição é um dos dispositivos de legitimação, manutenção e conservação do poder dos caciques políticos nas cidades interioranas no Nordeste brasileiro. Usam imagens, símbolos e músicas religiosas para produzir um efeito de maior credibilidade juntos aos religiosos.
               O cacique é o chefe político local de uma determinada região e pode ser prefeito, governador, deputado estadual, deputado federal e senador, com o domínio sobre os currais eleitorais. A sua principal característica é a política assistencialista de concessão de favores e cargos públicos chamados popularmente de “política de mão-no-ombro”. Também tem força e o poder de controlar a quantidade de votos de barganha de uma determinada região do mesmo jeito que o coronel fazia, só que desta vez o controle é por zona eleitoral e não por área rural. Desta forma, o cacique atua no corte de verbas e trabalho da máquina administrativa do Estado para determinada zona eleitoral, favorecendo um empobrecimento ou um enriquecimento da região proporcionando obtenção e garantia do seu poder. O eleitor troca o seu voto por um favor, geralmente poderia ser um bem material como roupas, tijolos, cimento, remédios, telhas, dentadura e etc. Também algum tipo de ajuda com dinheiro para enterro, atendimento médico, cesta de alimentos, bolsa de estudo, etc. A compra e troca de votos dos eleitores por favores e apadrinhamento passou a ser prática comum. Desta forma, o cacique atua no corte de verbas e trabalho da máquina administrativa do Estado para determinada zona eleitoral, favorecendo um empobrecimento ou um enriquecimento da região proporcionando obtenção e garantia do seu poder.
             Então o aspecto de transmissão das tradições familiares e outros motivos explicariam a continuidade do excessivo apego à política que observamos em boa parte nas cidades interioranas no Nordeste brasileiro. Isso é o fato disto interessar a muito as lideranças políticas por que incentivam a politicagem. Quanto maior o apego dos eleitores aos respectivos grupos, menos preocupações com as reais necessidades da cidade e menos questionamentos às omissões, erros e atos de corrupção dos governantes do município.  No qual o uso estratégico dos meios de comunicação, aliás é fundamental para a transcendência e imanência da figura do cacique, como o guardião e protetor do povo que se traduz o culto à personalidade.
                                                                                               

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