POR EDUARDO MELLO
O hábito do eleitor brasileiro, com números
de casas ostentando cartazes e bandeiras dos seus candidatos em suas paredes.
Isto é uma característica de muitas cidades interioranas no Nordeste
brasileiro, aonde as preferências políticas muitas vezes vão sendo passadas de
geração para geração. A maioria da população das cidades interioranas no
Nordeste brasileiro se envolve de tal forma que quem determina o voto é o
partido e torcem com se fosse um time de futebol durante a campanha política do
seu partido. As pessoas que votam no Grupo “A” ou votam no Grupo “B” usam
símbolos e cores que servem
para identificar a que partido aquelas pessoas pertencem. Os grupos políticos
também têm os ritmos musicais que servem de hinos para as agremiações políticas
antes de começar os comícios, nas passeatas, nas carreatas e na vitória da
eleição.
Nas cidades interioranas no Nordeste
brasileiro nasceu expressão “mala política” espécie de uma Ágora grega dos
tempos modernos é um local ou espaço
livre, onde as pessoas vão para conversar de forma franca e aberta, mas o
principal tema da conversa é a política partidária. Portanto é um espaço de
cidadania e de democracia, mas também é um espaço onde os grupos políticos
locais garantem a manutenção e conservação do seu poder. As estratégias e os
mecanismos de controle político utilizados pelos setores dominantes são das
festas populares tradicionais ou inventadas, onde há a uma escassez quase total
de opções de lazer para o povo nas cidades interioranas no Nordeste brasileiro.
No período eleitoral, as festas populares tradicionais ou inventadas, se
constituem numa oportunidade de diversão para a população, mas é uma prática
que serve de trampolim político para os grupos locais liderados pelos caciques para
conquistar o seu eleitorado. Outro aspecto interessante é o uso da força do
sagrado e da tradição. Então o uso da fé popular e da tradição é um dos
dispositivos de legitimação, manutenção e conservação do poder dos caciques
políticos nas cidades interioranas no Nordeste brasileiro. Usam imagens,
símbolos e músicas religiosas para produzir um efeito de maior credibilidade
juntos aos religiosos.
O cacique é o chefe político local de
uma determinada região e pode ser prefeito, governador, deputado estadual,
deputado federal e senador, com o domínio sobre os currais eleitorais. A sua
principal característica é a política assistencialista de concessão de favores
e cargos públicos chamados popularmente de “política de mão-no-ombro”. Também
tem força e o poder de controlar a quantidade de votos de barganha de uma
determinada região do mesmo jeito que o coronel fazia, só que desta vez o
controle é por zona eleitoral e não por área rural. Desta forma, o cacique atua
no corte de verbas e trabalho da máquina administrativa do Estado para
determinada zona eleitoral, favorecendo um empobrecimento ou um enriquecimento
da região proporcionando obtenção e garantia do seu poder. O eleitor troca o
seu voto por um favor, geralmente poderia ser um bem material como roupas,
tijolos, cimento, remédios, telhas, dentadura e etc. Também algum tipo de ajuda
com dinheiro para enterro, atendimento médico, cesta de alimentos, bolsa de
estudo, etc. A compra e troca de votos dos eleitores por favores e apadrinhamento
passou a ser prática comum. Desta forma, o cacique atua no corte de verbas e
trabalho da máquina administrativa do Estado para determinada zona eleitoral,
favorecendo um empobrecimento ou um enriquecimento da região proporcionando
obtenção e garantia do seu poder.
Então o aspecto de transmissão das
tradições familiares e outros motivos explicariam a continuidade do excessivo
apego à política que observamos em boa parte nas cidades interioranas no
Nordeste brasileiro. Isso é o fato disto interessar a muito as lideranças
políticas por que incentivam a politicagem. Quanto maior o apego dos eleitores
aos respectivos grupos, menos preocupações com as reais necessidades da cidade
e menos questionamentos às omissões, erros e atos de corrupção dos governantes
do município. No qual o uso
estratégico dos meios de comunicação, aliás é fundamental para a transcendência
e imanência da figura do cacique, como o guardião e protetor do povo que se
traduz o culto à personalidade.
tudo o que à nesse texto é visto com facilidade aqui em Santa Cruz!!
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