O
Brasil do Faz de Contas.
Os anos turvos da ditadura
no Brasil deixaram marcas profundas no seio da população, temerosa de que os
grilhões daquele nefasto período de nossa recente história possam ser erigidos
novamente. A cada aceno nesse sentido, tememos que um ato de intolerância mais
agudo, remeta-nos à um novo turbilhão de crises sociais, políticas e
institucionais que nos mergulhe outra vez nas brumas da perseguição que,
outrora, reinaram em nossa pátria.
O que vimos
esses dias, e até mesmo do que fomos vítimas neste espaço, deu-nos a certeza de
que vivemos uma crise de identidade em nossas instituições, onde o entendimento
desse ou daquele agente de poder se arvora soberbamente acima do bem e do mal,
portanto, submetendo aqueles que se valem do direito líquido e certo, e mesmo
constitucional, de externar suas considerações e compreensões dos eventos de
ordem social e coletiva às tratativas de que entendem tais entes estarem sob
suas orientações a máxima decisão.
A crise moral porque passa o
Brasil nos últimos tempos nos lega a vários questionamentos sobre o que a
organização política do Estado brasileiro versa como ordem expressa, levando-se
em consideração que leis e medidas punitivas têm peso e rigor para uns e não
para outros, deixando impactado e confuso o povo brasileiro, que vê e ouve
falar de leis, de Propostas de Emendas a Constituição (PECs) e outras tantas
regulações permitidas e permissivas, mas que não se confundem com os ideais
defendidos por seus formuladores e por aqueles que nas ruas, tribunas e
logradouros defenderam reformas profundas no código eleitoral brasileiro,
visando banir definitivamente da cena pública atores políticos marcados por
desvios de conduta ética e moral. Um exemplo disso é a Lei da Ficha Limpa, que
existe de fato, porém questiona-se em seu direito, pois comum está sendo ver
indivíduos que por esta ou aquela conveniência, tiveram mandatos e postulações
a cargos eletivos subtraídos pelas cortes eleitorais do país, desde as mais
altaneiras, até as provincianas comarcas do interior do país. Na contramão
desse processo, amontoam-se agentes políticos que tentam se escudar de um
passado tenro à custa de alegações jurídicas que deixam um ar de questionamento
quanto ao mérito de tais citações.
A lei da ficha
limpa deve ser vivida na sua essência, e não como algo alegórico e
meramente eivado de simbolismos vis e inconsistentes em sua aplicabilidade. A
ideia de uma política limpa, sem manchas e despida da ganancia desvairada de
uma meia dúzia de pelegos que incham os palácios e parlamentos do Brasil, parece
ainda muito distante de nossa realidade tupiniquim, o que nos infere a certeza
de que a verdadeira reforma política deste país nascerá de nossa parte, o
eleitorado, ao recorrermos ao que temos como maior e mais significativa arma em
nossas mãos contra tais desmandos; o voto, ainda livre no Brasil que vivemos e
defendemos.
Prof. Ednaldo Jr.
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