Mais
uma vez os nossos ouvidos são tomados pelo alvoroço dos trios, reboques e
caixas amplificadoras que estrondam pelo tempo afora os bordões e jingles de
campanha que exaltam miticamente pessoas que são tornadas a própria igualdade
de Deus, nunca sua semelhança. É a hora de ouvirmos novamente um recital de
promessas requentadas da campanha passada, essas que já eram um arranjo da
anterior, e assim sucessivamente. Somos filhos de uma república de alienados e
estultos, esquecidos de toda sorte daquilo que nos prometem para que em seguida
nos devotemos em cobrar sua execução plena, e assim nos depararmos com a
melhora da qualidade de vida da população.
Se
agíssemos com zelo e providencia, e se não fossemos movidos pela emoção
desmedida da razão, teríamos condição de discutir propostas e não futilidades,
projetos e não amenidades. A ordem política e a lógica coletiva sugerem uma
discussão isenta dos problemas da cidade, das dificuldades que a tomam e das
necessidades que se erguem no cotidiano, mas, para a maioria dos laicos na
construção do pensamento ideológico social, resta apenas acorrer às ruas em
ritos de arruaça que afrontam opositores e expõem inocentes à violência
desnecessária, vil e intransigente, comum aos destituídos da capacidade cada
vez mais singular de se defrontar com o contraditório.
Esquecemos-nos
dos hospitais abandonados, das ruas em crateras, dos serviços ineficientes que
legam ao abandono centenas de munícipes, que nutrem os cofres do erário público
em seus tributos e vêm-se vilipendiados em seus direitos mais elementares por
aqueles que, eleição após eleição, vale-se da nossa amnésia política para
inebriar-nos com a pirotecnia de seus comícios e carreatas para entulhar-nos de
novo das mesmas velhas promessas, que exaurido o período eleitoral serão
sepultadas no funesto baú do esquecimento, até que a próxima eleição chegue e,
novamente, as ruas sejam tomadas pela militância partidária para mais uma vez
termos os mesmos e repetidos ruídos que não cessam em ecoar aos quatro ventos
sem semear nenhum fruto benévolo para nossa terra e nossa gente.
Somos
uma república despossuída de memória, especialmente da memória política, aquela
que tem o dever de cobrar e exigir dos gestores a solução dos mais prementes
desafios de nosso coletivo, pois é mais conveniente seguir manifestações
politiqueiras, banhadas em mares de bebidas alcóolicas distribuídas
indistintamente a crianças e jovens, alvos mais vulneráveis do tecido social.
Até quando suportaremos os descalabros de maus gestores? Até quando seremos testemunhas
da inércia que letarge e da paixão política que fulmina a todos?
Essa
pergunta inquieta-nos, mas, ocorre-nos manter-nos perseverante na luta por
compreender como sanaremos tais dificuldades que se avolumam sem possibilidades
próximas de serem solucionadas. Tais indagações cabem a mim e a você
respondermos, até quando?
(*) Prof. Ednaldo Jr.
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